sábado, 7 de maio de 2016

Capítulo 107

Acabei dormindo rápido,e com o feriado prolongado que viria por aí,eu estava pulando de alegria. Teria mais um tempo pra descansar da faculdade,que pegava pesado comigo. 

Enquanto eu dormia feito uma criança,eu acordei com o celular tocando. Vi que era uma chamada do whatsapp,mas o número era desconhecido,e não estava salvo. Curiosa,e meio embreagada de sono,eu acordei,mesmo zonza,atendendo o celular. 

LIGAÇÃO ON~

Xxx: Oi... - dizia a voz,que eu não conseguia identificar 

Nathallia: Quem é? - perguntei e a pessoa não respondeu - Quem tá falando,poxa! - falei irritada pela pessoa ter dado o ar da graça em ter me acordado só pra me atormentar as 2:40 da manhã. 

LIGAÇÃO OFF~

Desliguei já que a pessoa não queria se identificar. Achei estúpido demais,mas eu poderia fazer o que? Nada! Só esperava que essa pessoa não me ligasse de novo. 

Voltei a dormir,pois era isso o que eu mais queria no mundo... Até que a sede bateu e eu fui obrigada a mim mesma,a ir até a cozinha e pegar um copo de água gelada. Caminhei até a cozinha,sem chinelo mesmo,tropeçando em mesa e cadeira,até chegar no interruptor da sala. Fui a cozinha,abri a geladeira e peguei a água que eu precisava beber. Guardei a garrafa,e quando fechei,tive a vaga impressão de que havia alguém atrás de mim. Senti um arrepio forte,e no impulso,olhei pra trás. 

Nathallia: Pai! - falei espantada ao ver a figura do meu pai,em pé,ao lado da pia da cozinha. Meus olhos se esbugalharam,e só sentia que meu pai estava presente perto de mim. 

Corri para o quarto da minha mãe,bati na porta e ela quem atendeu. A puxei pelo braço até a cozinha,enquanto ela perguntava o que estava acontecendo. 

Nathallia: Olha mãe! - falei animada,mas assim que olhei.... - Cadê ele?! - perguntei indignada - Ele tava aqui,mãe. 

Fabiana: Quem,Nathallia?! - perguntou séria 

Nathallia: Ele mãe! - falei sem acreditar que ele havia sumido

Fabiana: Caramba,Nathallia!!! - falou - Ele quem? 

Nathallia: Eu vi meu pai,mãe! Ele tava aqui,agora mesmo! Eu fui tomar água,e ele tava me olhando. Ele sorriu pra mim... Você tinha que ter visto,mãe.... - falei e ela negou.

Fabiana: Meu amor,presta atenção... - a interrompi 

Nathallia: Mãe,é verdade! Eu vi ele aqui agora - ela me interrompeu,colocando as mãos sobre meu rosto,controlando minha euforia e respiração ofegante 

Fabiana: Ele não está com a gente,amor. 

Nathallia: Mas mã... - ela me interrompeu 

Fabiana: Seu pai não está mais aqui,com a gente amor. Ele está em outro plano,mas mesmo assim ora pela gente lá de cima. Isso o que você viu,foi só uma alucinação. Você tava dormindo,e ainda está meio zonza... é por isso. 

Nathallia: Mãe,eu to... - parei de falar,até porque ela poderia estar realmente certa. Ou melhor,ela estava certa 

Fabiana: Sei que sente falta do seu pai,meu amor. Mas,fica calma,tá? Ele vai sempre estar com você,dentro do seu coração. 

Nathallia: Tem razão,desculpa - falei e ela sorriu sonolenta 

Fabiana: Vem cá,o que a senhorita está fazendo a essa hora aqui? - perguntou e eu ri 

Nathallia: Senti sede,vim pegar uma água. 

Fabiana: Então,vamos dormir... - disse me abraçando de lado. 

Fomos a caminho do meu quarto. Entramos e eu me deitei,me enrolando com o cobertor fofinho. 

Fabiana: Sabia,que quando você era pequena - pegou um banquinho e colocou do lado da minha cama,em seguida se sentou - eu e o seu pai costumávamos a por você pra dormir quando não conseguia? 

Nathallia: Disso,eu não sabia. - sorri de leve 

Fabiana: A gente ficava fazendo um cafuné em você,e tu ficava mole,e depois dormia - sorriu - Ele costumava dizer que quando uma criança dormia,era um anjinho que descansava depois de um longo dia de "trabalho" - fez aspas com as mãos,me fazendo rir. 

Nathallia: Será que esse cafuné ainda funciona pra mim? - perguntei preguiçosa e ela sorriu 

Fabiana: Claro,quer testar? - disse me fazendo um cafuné. 

Ela tinha esse poder,de me acalmar quando algo desse tipo acontecia. Eu,as vezes com essa minha mania de ir pegar água de madrugada,sentia que alguém me observava,mas nunca tive a mínima coragem de olhar pra trás. E hoje,por pura intuição,ou alucinação assim como minha mãe classificou,olhei e vi meu pai. 

Quando perdemos alguém que amamos,é complicado de viver sem. A gente se acostuma com a presença delas perto da gente,e tudo... Absolutamente TUDO faz lembrar essa pessoa. Confesso que no início de tudo,foi complicado pra mim. Queria ter meu pai perto de mim,e o sentimento de revolta com tudo e todos me fizeram uma pessoa séria e amarga por um tempo. Mas,com a ajuda dos amigos e pessoas que queria me ajudar de uma certa maneira,eu fui superando todo esse trauma de começar a conviver com a minha adolescência,sem meu pai. 

Em toda a minha vida,nunca pensei que perder um ente querido era tão difícil assim. Eu sempre via as outras pessoas sofrerem com isso,mas nunca parei pra pensar que aquilo pode acontecer com qualquer um de nós. Todos nós estamos sujeitos a isso. E uma coisa que a gente tem que aprender a fazer é viver. Viver como se não houvesse o dia de amanhã,curtir cada segundo como se fosse o último. Isso é uma dádiva. 

Depois de muito resistir,acabei dormindo e só acordei no dia seguinte. 

Fabiana: Tá bem? - perguntou beijando minha testa carinhosamente 

Nathallia: Você perguntando assim,até parece que eu tô doente - revirei os olhos 

Fabiana: Só perguntei normalmente,ué. Não pode? 

Nathallia: Pode - falei 

Fabiana: Então pronto,tô perguntando - disse e depois riu 

Nathallia: Mãe,eu tava pensando em uma coisa 

Fabiana: Que coisa? 

Nathallia: Eu já tenho 22 anos,sou adulta e já sei me cuidar - falei enquanto ela me olhava desconfiada 

Fabiana: Aham... continua 

Nathallia: Eu queria ir morar sozinha. 

Fabiana: Como assim sozinha? Porque? Não está satisfeita morando com a gente aqui? Em? - perguntou séria e eu neguei 

Nathallia: Não,mãe! Pelo contrário! Sou grata por tudo o que a senhora fez por mim durante todo esse tempo. Mas,poxa,sou adulta e quero ter o meu próprio cantinho. 

Fabiana: Acho cedo ainda! Você parou de trabalhar,e acha que pode sustentar uma casa? Como assim? 

Nathallia: Mãe,eu tô me estabilizando aqui no Brasil de novo. Estamos em tempo de férias,e cê sabe que não é tão fácil se acostumar depois de tanto tempo fora. 

Fabiana: Você não vai! Tá pensando o que? Que é tão simples assim? 

Nathallia: Tá bom - falei revoltada - Eu sou de maior,posso muito bem me virar em uma casa só minha. Não quero ficar dependendo de você,e você sabe disso! - falei e ela ficou quieta - Quero arrumar as minhas próprias coisas,fazer o que eu sempre sonhei em fazer. Só quero que me apoie,e se não me apoiar,vou seguir do mesmo jeito. - falei séria e saí do apartamento. 

Eu já estava com planos de ir na casa de Cris,e hoje seria o dia adequado pra isso. 

Eu já estou de maior,e sei me cuidar. Ela me ensinou isso,e eu vou cumprir. É a lei da vida,um dia seu filho vai morar na casa própria dele. É natural. Por mais que eu more na mesma casa do que minha mãe,ela não tem o direito que me privar de algo que é natural. Eu sempre irei ouvir seus conselhos,isso é fato,mas eu quero ter a minha privacidade. 

Cheguei na casa de Cris,e ela ainda estava dormindo. Tia Celina me deixou entrar para acordá-la,já que ela sabia que eu adorava acordar pessoas. Principalmente Cris,pois ela dava boas risadas ao ver a filha nervosa por minha causa. 

Nathallia: Cris? - cheguei em seu quarto de fininho - Cris? - a chamei novamente. Ela estava toda enrolada,dava até medo - Cristiane? - falei e nada dela ao menos se mexer na cama. Ri de agonia,porque não queria fazer nenhum barulho para não acordá-la. Eu queria dar um baita susto nela. - Cristiane!! - a chamei,em seguida a sacudi na cama,e mesmo assim ela não se manifestava - Cris,para de brincadeira... - ri sem pensar. 

Ela estava simplesmente imóvel,deitada toda enrolada. Achei estranho,e automaticamente achei que ela estivesse brincando comigo,pra depois reverter a situação. 

Nathallia: Sai dessa cama,vai! - ri,tirando o cobertor de sua cabeça. A observei,e Cris estava pálida - Cris? - a chamei nada - Cris pelo amor de Deus,fala comigo! - disse,enquanto a sacudia. Meu desespero só aumentou. Ela estava desacordada. Coloquei a mão em seu pescoço e testa,e notei que ela estava gelada. - TIAAAAAAAAAA! - gritei do quarto,virando Cris de barriga pra cima. Corri para onde Celina estava,na cozinha - TIAAA! 

Celina: Que foi,Natty?! - perguntou espantada 

Nathallia: A CRIS! - falei desesperada 

Celina correu para o quarto de Cristiane,e ao ver a filha desacordada,ficou sem reação. 

Celina: Chama alguém.... Alguém... pelo amor de Deus!!! - disse 

Nathallia: Chama alguém,Tia! Liga pro porteiro,eu prestar os primeiros socorros! - falei correndo para o quarto,e assim ela fez. 

Cheguei perto de Cris e peguei em seu pulso,para ver se a pulsação estava normal. Ela estava respirando. Fiz massagem cardíaca nela por uns 2 minutos,até eu perceber que sua palidez estava "amenizada". Procurei álcool no banheiro e assim que achei,molhei o algodão um uns pingos de álcool. Posicionei o algodão perto do nariz de Cris,mas não encostei. Mesmo assim ela não acordava. Do quarto dava pra ouvir o desespero de Celina no telefone. 

Não demorou para que o porteiro chegasse e nos ajudasse a levá-la para o hospital. Ele disse que já havia chamado um táxi,e que ele nos aguardava na portaria. Ele carregou Cris no colo,descendo o elevador. Colocamos ela no carro,e fomos rumo ao hospital. 

Celina: Como eu não vi isso!!! - falou em meio as lágrimas 

Nathallia: Calma,Tia - falei preocupada 

Celina: Você vai ser médica,então sabe o que ela tem? 

Nathallia: Não sei dizer,porque tenho poucos recursos,mas pelo o que eu pude perceber,ela deve ter anemia - falei sem graça e meu coração chorava por dentro. Celina deixou as lágriams cair,enquanto acariciava a filha que estava com a cabeça em seu colo. 

Chegamos rápido no hospital,e enquanto Celina dava entrada de Cris na emergência,eu pagava o motorista. Assim que ele recebeu,agradeceu e desejou melhoras pela Cristiane. Fiquei feliz pela educação,e disse que se precisasse de novo pra sair do hospital era só ligar,pois ele sempre ficava por perto. Assenti,e ele foi embora. Entrei na emergência do hospital,e avistei a Tia sentada na cadeira,completamente sem saber o que fazer ou falar. Me sentei ao seu lado e a abracei de lado. 

Depois de um tempo,o médico veio ao nosso encontro. Celina o questionou nervosa e atenta a tudo o que ele dizia. 

Celina: O que houve,doutor? - perguntou 

Médico: Ela teve uma anemia,e já estava em estado médio. Ainda bem que conseguiram trazê-la pra cá a tempo. 

Celina: Por isso ela desmaiou? - perguntou angustiada 

Médico: Provavelmente sim. O sistema do organismo dela não aguentou a pressão,e como aviso,o desmaio foi um alerta. 

Celina: Ai meu Deus! - disse e eu a abracei 

Médico: Ela andou se alimentando bem esses dias? 

Celina: Sim,doutor. Ela estava bem. Mas,da semana passada pra cá ela não tinha comido como o normal. Estava sem fome,e quase não a via comendo. 

Médico: Ela come corretamente? 

Celina: Não... Ela não come muitas verduras,e nem feijão... 

Médico: É aí onde está o problema - disse fazendo careta. 

Nathallia: E a Cris,como ela tá?! - perguntei atenta 

----------------------------------------------------------------------------------------
Estava tudo maravilhoso até que... *o* Cris com anemia. Será que ela tá bem gente? 
E essa idéia da Natty de morar sozinha pode dar treta,né? :/ ou melhor,já deu treta. :(

Comentem o que acharam do capítulo de hoje e até a próxima :)
Ass.: Maria Fernanda ♥

Nenhum comentário:

Postar um comentário